Pós-modernidade é a condição sócio-cultural e estética (relacionada a imagem) do capitalismo contemporâneo, também chamado de pós-industrial ou financeiro. Embora tenha se tornado corrente, o uso do termo ainda gera controvérsias quanto ao significado. Tais controvérsias talvez sejam devido a dificuldade de se examinarem processos em curso com suficiente distanciamento e, principalmente, de se perceber com clareza os limites ou os sinais de ruptura nesses processos, ou seja, oo período de transição da modernidade para a pós-modernidade.
De acordo com filósofo francês Jean-François Lyotard, um dos primeiros a usar o termo, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas[1]. Os grandes esquemas de explicação da realidade teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", sendo que devido ao avanço no conhecimento nem mesmo a "ciência" já não poderia ser considerada como a fonte da verdade.

Por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá a entender, o filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo "hiper-modernidade".
De acordo com Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com o super aumento de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, o hedonismo, a fragmentação do tempo e do espaço.
A partir da segunda metade do século XX iniciou-se um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Junto com a aceleração avassaladora nas tecnologias de comunicação, das artes, de materiais e de genética, ocorreram também mudanças nos padrões e nos modos de se pensar a sociedade e suas instituições, com isso começa a se firmar uma nova identidade cultural.
Existe uma grande dificuldade em estabelcer o exato momento de passagem do Moderno ao Pós-Moderno, sendo que uma das características da nossa era são as mudanças rápidas e vertiginosas que estão em curso. É mais ou menos aquela sensação que temos quando só percebemos que as crinaças cresceram quando pegamos um velho álbum de fotos e comparamos com os filhos crescidos, e aí dizemos: “ como estão diferentes, como cresceram, nem percebemos”.
Em função dessa dificuldade em determinar o momento de ruptura de uma cultura à outra, vamos enumerar alguns aspéctos e mudanças que talvez tornem mais claros uma distinção.
1. Com as duas grandes guerras (Primeira e Segunda) pensadores começam a questionar os modelos sociais e economicos.

2. Um novo padrão estético é estabelecido nas artes. Picasso, Braque, Giacometti, Du Buffet, são alguns dos nomes que junto com movimentos artísticos como o dadaísmo, o surrealismo, a pop-art americana, o abstracionismo[3], vão não só questionar antigos padrões artísticos, mas também ser uma representação do século XX, com todas as suas ambiguidades.
Picasso, Demoiselle D'avignon
Georges Braque, Violino e Candelabro
Alberto Giacometti, A floresta
3. Os comportamentos morais são postos à prova.
O movimento que chamamos de “liberalismo sexual”, a partir da década de sessenta é um dos principais fatores para que mais tarde o sexo livre seja aceito como válido simplesmente pela obtenção do prazer, sem compromisso com amor e casamento. Isso tem como consequencia um crescimento absurdo nas estatísticas de doenças sexualmente transmissíveis, entre elas a mais devastadoras de todas, a AIDS.

4. A pós-modernidade invadiu o cotidiano com a tecnologia eletrônica em massa, houve uma saturação de informações, diversões e serviços, a tecnologia passou a programar cada vez mais o dia-a-dia dos indivíduos. Em muitos lugares, por exemplo, quando o sinal da internet é interrompido ninguém trabalha, pois, a vida e o trabalho estão totalmente dependentes da tecnologia.
5. Na pós-modernidade os indivíduos são medidos de acordo com a capacidade de consumo,

6. A essência da pós-modernidade vem através das cópias e imagens de objetos reais, a reprodução técnica do real, significa apagar a diferença entre real e o imaginário, ser e aparência, ou seja, um real mais real e mais interessante que a própria realidade.

Se há um termo que podemos usar para classificar o século é “era da imagem”. Existe toda uma engenharia em torno da produção e consumo da imagem, sendo que vivemos em universo dominado pela mídia e propaganda massificadora, fato observado pelo já citado filósofo Adorno, que previu e desvendou que a mídia, numa sociedade de consumo, estaria a serviço do capitalismo selvagem, manipulando a mente das pessoas para que sejam meros consumidores, fazendo com que o indivíduo perca a própria identidade. Basta lembrar que hoje as pessoas são consideradas integradas numa sociedade à medida que são reconhecidas como consumidoras e as imagens são o principal veículo de excitação para o consumo. Segundo o especialista Leslie Savan:
Estudos estimam que, contando logotipos, rótulos e anúncios, cerca de 16 mil imagens comerciais se imprimem na consciência por dia. A publicidade hoje infesta todo e qualquer órgão da sociedade. Onde quer que a propaganda ponha o pé, ela aos poucos vai ingerindo tudo, como um vampiro ou um vírus. (Citado por Nicolau Sevcenko em A Corrida para o Século XXI. p. 124).
Alguns desses aspetos são suficientes para que possamos pintar um quadro do que está em curso no século XXI. Aqui tivemos uma introdução para o que vamos estudar a seguir. Teologia, sociologia, filosofia, ciência, ou qualquer outro campo do saber, é fruto do seu tempo e ao levantar questões busca também respostas dentro do seu tempo.
Somos filhos do século XX, influenciados consciente ou inconscientemente pelos acontecimentos e idéias do nosso tempo. O cristianismo é um chamado ao esclarecimento, portanto antes de ver maldição em todos os cantos da modernidade, temos de saber lidar em todo tempo com as mudanças, avanços e retrocessos de um mundo em mutação constante. Uma coisa imprescindível é seguir o conselho de Paulo que aconselha aos crentes de Tessalônica a examinar tudo e reter o que é bom, também para que se abstenham de toda forma de mal (1 Ts 5.21-22).
DICIONÁRIO
Ambiguidade, Qualidade do que é ambiguo; obscuridade; dúvida; incerteza.
Ambiguo, De mais de um sentido; equívoco; icerto; duvidoso; obscuro.
Estética, Filosofia das belas-artes: ciência que trata do belo, na natureza e na arte; beleza física.
Estigma, Cicatriz, marca, sinal.
Fragmentar, Quebrar, dividir, cortar, estilhaçar.
Hiper-real, O prefixo hiper em grego significa sobre, muito, mais, em alto grau, super. O hiper-real, aplicado a imagem seria algo que se apresenta como mais excitante que a própria realidade.
Massificação, Uniformização.
Fragmentar, Quebrar, dividir, cortar, estilhaçar.
Hiper-real, O prefixo hiper em grego significa sobre, muito, mais, em alto grau, super. O hiper-real, aplicado a imagem seria algo que se apresenta como mais excitante que a própria realidade.
Massificação, Uniformização.
[1] Metanarrativas são sistemas teóricos que tantavam explicar e dar sentido ao agir humano, bem como estabelcer modelos sociais que norteassem o homem para a construção do futuro.
[2] É a chamada divisão bi-polar do mundo, em que os dois modelos econômicos e ideológicos vão predominar até o final dos anos 80. Duas grandes potências econômicas e militares encabeçam esta divisão do mundo no período, Estados Unidos o bloco capitalista e União Soviética o bloco socialista. Na Europa o Leste (Europa Oriental) é predominantemente socialista enquanto que o Oeste (Europa Ocidental) é capitalista. Na América do Norte Canadá e Estados Unidos dominam o cenário econômico capitalista. Tal divisão gerou ainda uma subdivisão que é a chamada “periferia do capitalismo internacional”, onde estão os excluídos como América Central e América do Sul, África, Oriente Médio e Mundo Indiano.
[2] É a chamada divisão bi-polar do mundo, em que os dois modelos econômicos e ideológicos vão predominar até o final dos anos 80. Duas grandes potências econômicas e militares encabeçam esta divisão do mundo no período, Estados Unidos o bloco capitalista e União Soviética o bloco socialista. Na Europa o Leste (Europa Oriental) é predominantemente socialista enquanto que o Oeste (Europa Ocidental) é capitalista. Na América do Norte Canadá e Estados Unidos dominam o cenário econômico capitalista. Tal divisão gerou ainda uma subdivisão que é a chamada “periferia do capitalismo internacional”, onde estão os excluídos como América Central e América do Sul, África, Oriente Médio e Mundo Indiano.
[3] O Dadaísmo

O Surrealismo
foi um movimento artístico e literário surgido primeiramente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. As características deste estilo: uma combinação do representativo, do abstrato, e do psicológico. Segundo os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, expressando o inconsciente e os sonhos.

A Pop art

A arte abstrata ou abstracionismo

O abstracionismo lírico ou abstracionismo expressivo

Dúvidas: betesdauira@gmail.com
Olá, estou estudando esse tema e achei seu texto muito explicativo e bem ilustrado.
ResponderExcluirObrigada pela contribuição!!
Agora, gostaria que me ajudasse a esclarecer uma questão: o Modernismo surge como uma "resposta" ao fim do Iluminismo? Podemos considerar que são periodos distintos da história? Ou seja, primeiro o Iluminismo, com seu "sonho" de uma sociedade melhor à luz da razão e da ciência e depois o Modernismo dizendo "não é nada disso?"??
Obrigada, Cristina.
muito bom.
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